Quase vinte mil brasileiros já morreram de AVC somente neste ano

Neurocirurgião do Complexo Hospitalar de Cuiabá explica sinais de alerta sobre a doença e como lidar com uma suspeita


Quase vinte mil brasileiros já morreram em decorrência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) somente nos primeiros anos de 2022. Popularmente conhecida como derrame cerebral ou isquemia, a doença já é definida como a segunda maior causa de mortes no mundo e apesar de ter os idosos como principais vítimas, está aos poucos avançando entre o público jovem.


De acordo com dados do Portal da Transparência do Registro Civil, o número de vitimados pela doença neste ano já representa mais de 18% do total do ano passado. E desde 2019, os números vem crescendo de forma alarmante.


De acordo com o neurocirurgião do Complexo Hospitalar de Cuiabá, Felipe Guardini, a cada 5 minutos ocorre uma morte por AVC e anualmente são registrados 5.7 milhões de casos, o que compreende cerca de 10% do total de mortes no mundo. "Para se ter noção, ela mata mais que o HIV, tuberculose, malária e Gripe A juntos. Então, requer a atenção sobre cuidados que temos que ter com a nossa saúde e sobre os sintomas de alerta", pontua.


Quando ocorre, pode afetar uma ou mais áreas do cérebro, e exige tratamento imediato que pode amenizar ou reverter o quadro. Por isso, a importância do esclarecimento sobre os sinais que indicam a manifestação da doença. "Os primeiros sinais são a perda de força no braço ou perna, alteração na mímica facial (a famosa “boca torta”), dificuldade na fala, entre outros. Então, ao notar qualquer indício, é preciso ir em busca de auxílio médico o quanto antes".


São dois os tipos de AVC, sendo o isquêmico o mais frequente. Ele ocorre quando um dos vasos do sistema circulatório que fazem o suprimento do sangue e oxigênio no cérebro, fica entupido ou obstruído.


Há ainda o AVC Hemorrágico, habitualmente causado pela ruptura do temido aneurisma cerebral, fazendo com que o paciente sinta uma dor de cabeça súbita, comumente dita como "a pior dor de cabeça da vida". "O AVC isquêmico ocorre com maior frequência na população idosa, que são pessoas acima de 60 anos. Mas temos observado ela ocorrendo também no público jovem e mesmo em crianças. Nesses casos é sempre importante averiguar a possibilidade de existência de outros fatores que podem ter o desencadeado, como por exemplo a anemia falciforme em crianças ou doenças reumatológicas nos adultos", pontua Guardini.


Pessoas com hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto ou fibrilação arterial devem ficar mais atentas por apresentarem maior risco de desenvolverem o AVC. Entre os fatores de prevenção, cuidados básicos com a saúde como redução de peso, prática regular de exercícios físicos, não fumar e tratar a Síndrome de Apneia do Sono. Além disso, é importante fazer o acompanhamento médico de forma regular.


Tratamento


De acordo com o neurocirurgião Felipe Guardini, as consequências do AVC dependem da parte do cérebro que foi afetada, bem como do tamanho da lesão. Alteração da visão, confusão mental, dor de cabeça muito forte, fraqueza ou formigamento na face, são sinais de alerta máximo e que indicam a necessidade procurar por acompanhamento especializado o quanto antes.


"Se houver rapidez no atendimento, dependendo do tipo de AVC o quadro pode ser revertido", esclarece o especialista.


Em cerca de 4.5 horas após o início dos sintomas, o trombolítico, medicação que dissolve o coágulo, pode ser dado a pacientes do AVC isquêmico, diminuindo as chances de sequela.


Se houver trombos grandes em uma artéria cerebral, há a possibilidade de realização da retirada do trombo por cateterismo cerebral”, finalizando que é possível preveni-lo com exames de imagem, laboratorial e mudanças dos hábitos de vida.